Sermão da Ressurreição de Cristo
Cristo ressuscitou verdadeiramente, Aleluia Aleluia!!!
A Páscoa é o Everest da liturgia católica, ou seja, é o ponto mais alto, o cume de toda a ação litúrgica da Igreja. Seu início é o Domingo da Ressurreição e seu término é o Domingo de Pentecostes, cinquenta dias depois. Correspondendo à magnitude desta solenidade, a liturgia estende esse seu primeiro júbilo com a chamada Oitava de Páscoa.
A Oitava de Páscoa são os oito primeiros dias do Tempo Pascal, do primeiro ao segundo domingo. A Igreja celebra esta oitava como se fosse um único dia, mais precisamente, um único domingo: o Grande Domingo! Por isso o Evangelho do primeiro domingo pascal relata a aparição de Cristo, logo pela manhã, à Maria Madalena; “No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada” (S. Jo. 20, 1). Já no segundo domingo, Cristo aparece aos seus discípulos: “Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana…” (S. Jo. 20, 19). No primeiro domingo, de madrugada. No segundo, ao anoitecer. É verdadeiramente um único dia.
Para auxiliar a nossa meditação nestes dias tão majestosos e vibrantes, publicamos abaixo o Sermão da Ressurreição, pregado pelo Padre Antônio Vieira, grande orador sacro, conhecidíssimo pela capacidade quase anormal em utilizar do melhor modo possível os artifícios e segredos da linguagem. Não é sem motivo que o poeta Fernando Pessoa considerava o Padre Antônio Vieira como “o Imperador da Língua Portuguesa”.
Que as palavras deste grande pregador excite em nossa alma bons propósitos e faça nosso júbilo ainda mais intenso diante de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, Ressuscitado, Vivo e Vencedor!
Sermão da Ressurreição de Cristo
Na Matriz da cidade de Belém do Pará, ano de 1658.
Não temais; Procurais Jesus Nazareno, que foi crucificado; Ele ressuscitou, não está aqui.
I
Que parecidas são as obras de Cristo, ainda as que menos se parecem! As tristes e as alegres, as dolorosas e as gloriosas, as de sua morte e as de sua ressurreição, todas causam os mesmos efeitos. Pasmadas deixamos as Marias, olhando para o sepulcro de Cristo quando se fechou, e, pasmadas por deixarem ali morto, a seu Senhor: Maria Madalena e a outra Maria estavam lá sentadas defronte ao sepulcro (S. Mt. 27, 61). – Pasmadas acho hoje outra vez as mesmas Marias no mesmo sepulcro, e pasmadas de o acharem ressuscitado: Não temais; Procurais Jesus Nazareno, que foi crucificado; Ele ressuscitou, não está aqui (S. Mc. 16, 6). – De maneira que Cristo morto faz pasmar com a sua morte, e Cristo ressuscitado faz pasmar com a sua ressurreição, sendo a ressurreição e a morte as duas coisas tão encontradas. Entraram as Marias no sepulcro, viram um anjo vestido de neve e luz, que lhes deu novas do Senhor, a quem buscavam morto, e ficaram tão assombradas e pasmadas do que ouviam e do que viam, que por muito tempo não tornaram em si de assombro e de temor, por mais que o anjo as animava a que não temessem: Não temais. – A hora em que isto sucedeu também tem contradições no Evangelho. Diz o evangelista que quando as Marias vieram ao sepulcro, era de madrugadas, mas já depois do sol nascido: De madrugada, quando o sol já era nascido (S. Mc. 16, 2). – Se era muito de madrugada, como era já nascido o sol? E se era já nascido o sol, como era muito de madrugada? Tudo era. Era muito de madrugada porque ainda não era nascido este sol natural que nos alumia: De madrugada; – e era já o sol nascido porque já o verdadeiro sol, Cristo, era ressuscitado: o sol já era nascido.
Nas obras da natureza e nas obras da graça tem grandes semelhanças a ressurreição de Cristo, mas nenhuma tão semelhante como a do sol. Põe-se o sol no seu ocaso, deixa o nosso hemisfério escuro, enquanto desce, e vai alumiar os antípodas; torna outra vez a nascer claro, resplandecente e coroado de raios, enxugando as lágrimas da aurora, restituindo a cor e a formosura aos campos, despertando as músicas das aves, dourando os céus e alegrando a terra. Tal o divino sol, Cristo, no dia de sua ressurreição. Anoitecera no Ocidente do seu sepulcro amortalhado em nuvens, deixando todo o mundo às escuras na tristeza de sua paixão; desceu a visitar e alumiar os lugares do Limbo, onde os santos patriarcas, como desconsolados antípodas, havia tantos anos estavam esperando a chegada daquele dia; e voltou outra vez à hora determinada, fazendo Oriente do seu mesmo Ocaso, amanhecendo claro e formosíssimo, vestido e coroado de resplendores de glória. Enxugou primeiramente as lágrimas daquela aurora divina, a Virgem Santíssima; restituiu a cor e a formosura à sua Igreja, mudando os lutos, de que estava coberta pela sua morte, em cores e galas de festa; trocou as lamentações em músicas alegres, e os ais em aleluias; dourou os céus, como mostraram os anjos que hoje apareceram vestidos de branco e ouro; e, finalmente, alegrou a terra, dando a todos os homens mui alegres páscoas, as quais o mesmo Senhor dê a Vossa Senhoria, e a todo este nobre e mui devoto auditório, com tantos dos verdadeiros bens, como o mesmo autor deles deseja. Para que nós vejamos os verdadeiros meios, por onde havemos de conseguir e segurar estes bens, e tiremos desta grande solenidade o proveito de nossas almas que elas nos oferece, peçamos àquela Senhora, a quem tocou a melhor e a maior parte das glórias deste dia, nos assista nestas memórias dele com o favor de sua graça. Ave Maria cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois Vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.
II
Não temais; Procurais Jesus Nazareno, que foi crucificado; Ele ressuscitou, não está aqui (S. Mc. 16, 6).
Não temais, disse o anjo às Marias: Não temais – mas elas nem por isso deixaram de temer. Antes, diz o evangelista que fugiram do sepulcro, não só temendo, mas tremendo: Elas, saindo do sepulcro, fugiram, porque as tinha assaltado o susto e o pavor (S. Mc. 16, 8). – Foi tal o seu temor e assombro que, dizendo-lhes o anjo que levassem a nova aos discípulos, nem a falar se atreveram, de puro medo: E a ninguém disseram coisa alguma, tamanho era o medo que tinham (S. Mc. 16, 8). – Notáveis efeitos por certo em tal lugar! Notáveis efeitos om tal nova! E notáveis afetos em tal dia! Em dia da ressurreição temor? Em dia da ressurreição pavor e assombro? Alegrias, festas, prazeres, são os efeitos e afetos próprios deste dia; mas temor e tremor? Notáveis efeitos, torno a dizer, em tal dia! E se repararmos em quem eram as que temeram, ainda nos admiramos mais. Eram as Marias umas mulheres tão pouco mulheres, eram umas mulheres tão varonis, umas mulheres tão homens, que de noite saíram de suas casas, de noite passaram pelas portas da cidade, de noite andaram por lugares desertos e despovoados, e tão medonhos como costumam ser os cemitérios dos defuntos e os lugares onde padecem os justiçados. O Monte Calvário chamava-se Calvário por estar semeado das caveiras e dos ossos dos que aí iam a justiçar. Pois, mulheres tão destemidas e tão animosas que vão a estes lugares de noite, quando acham a Cristo ressuscitado do sepulcro, e quando lhes diz um anjo que ressuscitou, temem e tremem? Sim, porque não há coisa mais temerosa e mais tremenda nesta vida, não há coisa mais para fazer temer e tremer os corações mais valentes e animosos, que a certeza da ressurreição. É certo, e de fé, que Cristo ressuscitou; é certo, e de fé, que eu também hei de ressuscitar. Oh! Que temerosa consideração! Estas mesmas Marias, quando estavam defronte do sepulcro de Cristo morto, pasmaram, mas não tremeram; agora, no mesmo sepulcro, com Cristo ressuscitado, pasmam e tremem, porque muito mais é para temer um ressuscitado que um morto; muito mais para assombrar é a consideração da ressurreição que a consideração da morte. Um sepulcro de Cristo com um “Aqui jaz” muito para temer é; mas um sepulcro de Cristo com um “Não está aqui, porque ressuscitou” muito mais é para temer.
Ao menos eu, em mim, experimento que muito mais temo o ressuscitar que o morrer, muito mais medo me causa a ressurreição que a morte; antes, se temo a morte, é só por medo da ressurreição. E por quê? A razão é clara. A morte é o fim da vida que acaba; a ressurreição é o princípio da vida que não há de acabar: com a morte acaba-se a vida, com a ressurreição, começa a eternidade; e muito mais para temer é o princípio da eternidade que o fim da vida. Com o fim da vida acabam os males temporais, com o princípio da eternidade podem começar os males eternos: os males da vida têm o remédio da morte, que os acaba; os males da eternidade são males são remédios, porque ninguém lhes pode dar fim. A mesma terra insensível nos ensinou esta razão na morte e ressurreição de Cristo. Na morte: Tremeu a terra (S. Mt. 27, 51); na ressurreição: Houve um grande terremoto (S. Mt. 28, 2). – E por que moveu mais a terra a ressurreição que a morte? Porque a morte deve fazer muito abalo nos nossos corações de terra, mas a ressurreição muito maior. E assim se viu por experiência. A morte de Cristo, sendo acompanhada de tantos prodígios, não fez mais que: E todos que assistiam a este espetáculo, e via o que acontecia, retiravam-se batendo nos peitos (S. Lc. 23, 48). – Não fez mais que tornar para Jerusalém batendo nos peitos os que o guardavam na cruz; Porém, na ressurreição: Os guardas ficaram como mortos de tanto terror (S. Mt. 28, 4): temeram e tremeram assombrados os que o guardavam no sepulcro. Às Marias: as tinha assaltado o susto e o pavor (S. Mc. 16, 8). – Os apóstolos no Cenáculo tremendo: Algumas mulheres, das que estavam conosco, nos assustaram (S. Lc. 24, 22). Enfim, tudo medo, e tudo temor.
III
Pois, que havemos de fazer no dia da ressurreição de Cristo? Entristecer-nos? Tremer? Temer? Encerrar-nos? Meter-nos vivos na sepultura onde Cristo saiu? A esta pergunta não se pode responder do púlpito, do confessionário sim. Se estais em estado de pecado mortal, temei e tremei, e cause-vos grande tristeza a ressurreição; mas se estais em graça de Deus, e tendes propósitos firmes de a conservar, alegrai-vos, ponde a vossa alma e o vosso coração muito de festa, e não temais. Assim o disse o anjo às Marias: Não temais. Notai. Quando o anjo desceu do céu e revolveu a pedra da sepultura, ficaram assombrados todos os guardas do sepulcro, e o anjo não lhes disse “Não temais”, e às Marias sim. E por que diz às Marias que não temam, e por que não diz o mesmo aos soldados? Porque as Marias iam buscar a Cristo ao sepulcro para o servir; os soldados iam guardar o sepulcro para o perseguir e o afrontar. E aqueles que perseguem e ofendem a Cristo, esses é bom que temam na ressurreição; porém aqueles que o amam, e que o servem, esses não têm que temer: Não temais. Tema Pilatos, que o condenou; tema Herodes, que o afrontou; tema Judas, que o vendeu; tema Caifás, que o blasfemou; e temam todos os que o perseguiram e o crucificaram, quando sabem que ele ressuscitou, e que eles também hão de ressuscitar. Porém, a Madalena, e as outras Marias: que o buscam e que o servem, que se não podem apartar dele, essas não têm que temer: Não temais. Não é esta razão menos que do anjo: “Se vós buscais a Jesus Nazareno, não temais”. A energia destas palavras ainda está mais clara em São Mateus, que neste passo é comentador de São Marcos: Vós não temais, porque sei que vindes buscar a Jesus, que foi crucificado (S. Mt. 28, 5). Vós não temais – notai muito a palavra vós – vós que buscais a Jesus, não temais; porém, aqueles que o não buscam, aqueles que o não amam, aqueles que o ofendem, esses temam e tremam em sua ressurreição. A ressurreição para eles será morte e tormento eterno, assim como para vós será eterna vida e eterna glória. Os maus, porque hão de ressuscitar mal, têm razão para temer; mas os bons, que hão de ressuscitar bem, não têm para temer razão alguma.
E que grande alegria, e que grande consolação é para um verdadeiro cristão na Festa da Ressurreição de Cristo considerar que também ele há de algum dia ressuscitar! Que grande seria a alegria da Madalena, quando visse a seu irmão Lázaro ressuscitado! A nossa alma é a nossa Madalena, o nosso corpo é o nosso Lázaro. Que alegria será a de uma alma considerar agora, e ver depois, este seu corpo, este seu companheiro ressuscitado! Ainda esta comparação não explica. Que alegria seria da Virgem Senhora, quando hoje visse ressuscitado, em tanta formosura e glória, a seu benditíssimo Filho! Esta comparação é a própria. A Madalena viu seu irmão ressuscitado, mas ressuscitado para tornar a morrer. A Senhora viu ressuscitado a seu filho, mas para não morrer jamais: Nem a morte terá sobre Ele mais domínio (Rom. 6, 9). – A Madalena viu a seu irmão ressuscitado, mas em corpo passível, como que antes tinha. A Senhora viu ressuscitado a seu Filho em corpo imortal e impassível, e ornado com todos os quatro dotes gloriosos. E tais hão de ser estes nossos costais de terra depois do dia da nossa ressurreição. Cuidais que estes nossos corpos depois de ressuscitados hão de ser como agora, ainda os de maior gentileza? De nenhum modo. A fênix morre fênix e ressuscita fênix; o homem entra no banho do batismo homem, e sai homem; o grão de trigo semeia-se trigo, e nasce trigo. Não ressurreição não é assim: Semeado corpo animal, ressuscita corpo espiritual (I Cor. 15, 44). O que se semeia na terra da sepultura é um corpo com condições de corpo, e o que nasce na ressurreição é outro corpo, ou o mesmo corpo, com condições de espírito – que são os quatro dotes do corpo ressuscitado. Havemos de ficar tão diferentes depois de ressuscitados, que é necessário fé para crermos que seremos então os mesmos. Com esta fé dizia Jó: Eu sei que o meu Redentor vive e no derradeiro dia surgirá da terra. Serei novamente revestido da minha pele, e na minha própria carne verei a meu Deus, a quem eu mesmo hei de ver, não outro (Jó 19, 25-27).
Estes quatro dotes são os mesmos com que Cristo hoje ressuscitou: dote de sutileza, de agilidade, de impassibilidade e de claridade. Um corpo com dote de sutileza, se quer passar desta igreja para este pátio, não há necessidade de porta; penetra por essa parede, assim como o sol passa por uma vidraça sem impedimento. Os judeus mandaram pôr grandes guardas ao sepulcro, para que não tirassem dele a Cristo; e Ele, com a porta fechada e selada, por virtude do dote da sutileza, saiu da sepultura. Quando o anjo abriu a porta do sepulcro, já o Senhor não estava nele; mas abriu-a, para que as Marias pudessem entrar e ver. Da mesma sorte entrou o mesmo Senhor no Cenáculo: Com as portas fechadas (S. Jo. 20, 19), porque os corpos ressuscitados são corpos com propriedades de espírito, a que não resistem nem fazem impedimento as paredes. O segundo dote é a agilidade, o qual consiste em um homem poder, quase em um momento, estar aqui, em Lisboa e na Índia, e noutras maiores distâncias. Cristo no dia de hoje apareceu à Madalena no sepulcro, às Marias no caminho de Jerusalém, aos discípulos desesperados no do castelo de Emaús, aos apóstolos no Cenáculo, a São Pedro não se sabe onde, e todas estas jornadas fez o Senhor, e fizera outras muito maiores em muito poucos momentos. Do céu empíreo à terra há tanta distância, que do princípio do mundo lançaram de lá uma bola de chumbo que corresse todos os dias oitocentas léguas, ainda não teria chegado cá abaixo. E todo este caminho andou o corpo de Cristo ressuscitado na sua Ascenção em um momento. O dote da impassibilidade faz a um corpo incapaz de dor, de enfermidade, de morte: Mete aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima também a tua mão e mete-a no meu lado (S. Jo. 20, 27). – Ressuscitou Cristo com as cinco chagas, mas se quatro o mataram, como está agora vivo com cinco? E principalmente com a chaga do lado: “Mete-a no meu lado”. É porque um corpo imortal e impassível é incapaz de padecer e morrer, e são as feridas e as chagas nele como rubis sobre neve, que esmaltam a formosura. O dote da claridade é ficar um corpo ressuscitado muito mais formoso e resplandecente que o sol. Cristo cobriu seus raios hoje para poder ser visto, como se escreve de Moisés, porque, se o viram como Ele era, morreriam todos de pasmo e de contentamento. Aos apóstolos no Cenáculo apareceu no próprio hábito e figura em que andava neste mundo, só com chagas de mais; à Madalena e aos discípulos de Emaús, apareceu transfigurado, mas de tal maneira que o não puderam conhecer nem pelo rosto nem pelo vestido, porque à Madalena se representou como hortelão, e aos de Emaús como peregrino. Só no Monte Tabor foi visto com o dote de claridade, no rosto resplandecente como o sol e nos vestidos tão alvos como a neve: O seu rosto ficou refulgente como o sol, e as suas vestiduras se fizeram luminosas de brancura (S. Mt. 17, 2). – E eu sucedeu a São Pedro? Viu os vestidos de Cristo com a mudança da cor, e o rosto soberano como a de raios semelhantes ao sol, e bastou esta vista, sendo só de dois acidentes exteriores, para ficar o apóstolo fora de si: Não sabendo o que dizia (S. Lc. 9, 33), e não querer mais vida nem mais glória: É bom para nós estarmos aqui (ibid). – E para que depois entendesse ele e os outros dois discípulos, que este era um dos quatro dotes com que haviam de ressuscitar, lhes disse o Senhor: Não digais a ninguém o que vistes, até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos (S. Mt. 17, 9); que guardassem silêncio do que viram, até que o vissem ressuscitado. Estes são os dotes gloriosos com que hoje ressuscitou Cristo, e com os mesmos hão de ressuscitar estes nossos corpos.
Esta consideração nos deve animar e consolar muito em nossos trabalhos, considerando que este corpo mortal, que agora padece, virá tempo em que ressuscite imortal e glorioso. Por que vos parecia que padecia Jó com tanta alegria, tantos trabalhos, perdas de fazenda, de filhas, desgostos da mulher, dores nos ossos, nos nervos, nas artérias, nos olhos, na cabeça, na respiração; coberto de chagas, comido de bichos, e, contudo, sempre alegre e sempre contente? Por quê? Porque trazia uma nômina ao pescoço com uma certas palavras que lhe davam fortaleza para sofrer tudo isto. E que palavras eram estas? Eu sei que o meu Redentor vive e no derradeiro dia surgirá da terra (Jó 19, 25). E a nômina era: Esta minha esperança está depositada no meu peito (Jó 19, 27). – alguns consolam-se nos trabalhos com a morte, como Elias: Desejou para si a morte (I Rs. 19, 4). – Não há de ser assim, senão com a ressurreição. Consolar com a morte é consolação de desesperados; com a ressurreição, é de quem espera: Esta minha esperança está depositada em meu peito. Olhava Jó para si, e dizia: padeces, corpo? Consola-te com a ressurreição, que então serás impassível. Estás feio e disforme? Contenta-te, que terás o dote da impassibilidade. Estás entrevado, sem te poder bulir: Tu puseste os meus pés no cepo? (Jó 13, 27). Consola-te, que terás o dote da agilidade. Estás em um muladar, porque todos te fecham a porta? Consola-te, que terás o dote da sutileza, e não haverá para ti porta fechada. E vós, meus olhos, não fazeis senão chorar? Consolai-vos, porque vereis a Deus; Na minha própria carne verei a Deus.
IV
Ora, suposto que para não temermos a ressurreição, o meio é buscar a Cristo, que meio há para o buscar seguramente? O meio que há para buscar a Cristo seguramente é fazer o que hoje fizeram as Marias. Quatro coisas fizeram as Marias hoje buscando a Cristo: primeira, buscaram a Cristo com pressuposto de que, buscando-o a Ele, se achariam a si; segunda: buscaram a Cristo fazendo o que tinham de obrigação e o que tinham de devoção, mas o que tinham de obrigação, fizeram-no primeiro; terceira: não guardaram o busca-lo para o fim do dia, senão logo no princípio dele; quarta e última: buscaram a Cristo não reparando em trabalho, nem gasto, nem em crédito, nem em perigo, nem em dificuldade. Vejamos tudo brevissimamente, e comecemos pela primeira.
A primeira coisa por onde começaram as Marias foi comorar aromas para ungirem ao Senhor: Compraram aromas para irem embalsamar Jesus (S. Mc. 16, 1). – E, se bem se adverte, já então Cristo estava ungido por José e Nicodemos, com cem libras de unguentos: Nicodemos, o que tinha ido primeiramente de noite ter com Jesus, foi também, levando uma composição de quase cem libras de mirra e de aloés. Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no em lençóis com aromas (S. Jo. 19, 39-40). – Pois, se Cristo estava ungido, para que vêm ungir ainda mais? Ora, vede. As Marias não vinham ungir a Cristo porque Cristo tivesse necessidade de ser ungido, senão porque elas tinham necessidade de o ungir. Para Cristo estar ungido bastava que o ungissem José e Nicodemos; mas para as Marias terem o merecimento de o ungir, não bastava que José e Nicodemos tivessem ungido a Cristo: era necessário que elas o ungissem também, e por isso compraram aromas para o ungirem, depois de tão ungido: “Compraram aromas para irem embalsamar”. De maneira que, em certo modo, não vieram ungir a Cristo por amor de Cristo, vieram ungir a Cristo por amor de si. Não porque Cristo tivesse a necessidade daquela unção, senão porque elas tinham necessidade daquele merecimento.
Cuidam alguns que fazem grande fineza e grande serviço a Deus em o servirem. Deus não tem necessidade de nada nem de ninguém: Tu és o meu Deus, fora de Ti não há nenhum bem (Sl. 15, 2); não tem necessidade de que nós o sirvamos, nós é que temos necessidade de servir a Ele. São Francisco de Borja, recebendo em seu serviço os criados da casa se seu pai defunto, e conservando juntamente os que tinha da sua, respondeu aos que lhe diziam que eram supérfluos: “Estes permanecem porque eu deles tenho necessidade; e os outros porque eles têm necessidade de mim”. Deste segundo gênero é que são todos os que servimos a Deus. Não se serve Deus de nós porque tenha necessidade de nós, senão porque nós temos necessidade dele. Ouçamos o mesmo Deus: Porventura preciso comer carne de touro ou beber sangue de cabrito? (Sl. 49, 13). Cuidais que me fazeis grande serviço em me oferecer grandes sacrifícios? Da mesma maneira não tenho necessidade do vosso jejum, porque eu não como o que deixais de comer, nem muito menos tenho necessidade de vossa reza, porque tenho anjos que com melhores vozes continuamente me louvam. Finalmente, não tenho necessidade que deis esmolas ao pobre, porque eu os sustentarei com a mesma facilidade com que sustento as aves do ar e os bichinhos da terra; mas vós sois os que tendes necessidades de dar esmola, de rezar, de jejuar e de me fazer sacrifícios. Assim que havemos de buscar, servir e amar a Deus, com pressuposto que, quando o buscamos a Ele, nos buscamos e nos achamos a nós; que quando o servimos, nos servimos; quando o amamos, nos amamos; e quando gastamos com Ele, gastamos e despendemos conosco. Bem se viu nas Marias: compraram aromas, e quem se ungiu com eles? Elas, e não Cristo, porque tudo lhes ficou em casa. E o mesmo fora se tivessem ungido ao Senhor, como lhe aconteceu a uma delas, a Madalena, que, quando ungiu ao Senhor: Enxugava com os cabelos da sua cabeça (S. Lc. 7, 38); dava com as mãos e recebia outra vez com os cabelos, senão que o recebia melhorado, como tocado em soberanas relíquias.
Com este pressuposto havemos de passar as obras que são obras de obrigação e obras de devoção, mas às de obrigação primeiro: Passado o dia de sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e Salomé, compraram aromas para irem embalsamar Jesus (S. Mc. 16, 1). Diz o evangelista que, depois de passado o sábado, madrugaram muito as Marias para virem ungir a Cristo com os aromas que tinham comprado e prevenido. E por que não vieram ao sábado, senão depois que o sábado passou, isto é, ao dia seguinte, que era domingo? Porque o sábado naquele tempo e naquela lei era dia santo e proibido nele o caminhar mais que certo número de passos: Então voltaram para Jerusalém, do Monte chamado das Oliveiras, que dista de Jerusalém a jornada de um sábado (At. 1, 12). – E como a observância do sábado era de preceito, e o ungir a Cristo era devoção, dilataram a obra da devoção para acudirem primeiro à do preceito: “Passado o dia de sábado”.
À obra do preceito se há de acudir primeiro, e deixar a Deus por amor de Deus, exercitando a obra de seu maior agrado, e pospondo qualquer outra, ainda que boa e santa, de que possa ser ofendido. Vejamo-lo em Elias. Estava Elias em um deserto metido numa cova, orando a Deus e fazendo penitência, quando por mandamento do mesmo Deus lhe aparece um anjo e lhe diz: Que fazes aqui, Elias? (I Rs. 19, 9). – Repreendeu-o pelo que fazia e pelo lugar onde estava: “Que fazer aqui?”. Pois estar Elias num deserto, enterrado vivo numa cova, fazendo penitência, orando a Deus e contemplando, é lugar de e ação digna de repreensão? Em Elias, sim, porque Elias era profeta do rei Acab, e tinha obrigação de lhe pregar e de lhe dizer o que convinha; estar no deserto era devoção, estar na corte era obrigação. E deixar a obrigação pela devoção era obra digna de ser repreendida e castigada. Deus não quer que o sirvamos com ofensa sua. Servir a Deus com ofensa de Deus é ofendê-lo, não é servi-lo. E quanto há disto hoje? Vai o outro, gasta quinhentos cruzados na festa de um santo, e não paga o que deve nem aos oficiais que trabalharam. Isto não é serviço de Deus. Pagai o que deveis, que é obrigação, e então fareis festas, que é devoção. Vem-se confessar uma devota. Jejuais? Não. E por quê? Desmaios, fraquezas, dores de estômago, e outras escusas deste gênero. Diz-lhe o confessor: Minha irmã, tratai de vos conservar na graça de Nosso Senhor, e para isso encomendai-vos muito à Virgem, nossa Senhora. – Ah! Virgem Mãe de Deus. Nunca eu deixo de lhe jejuar o seu sábado! Por isso esperava. – Pois, vinde cá: não jejuas em véspera de São Matias ou de São Tomé, e jejuais o sábado? Melhor é jejuar em véspera de São Pedro e São Paulo que jejuar os sábados, porque o jejum dos santos apóstolos é preceito, e o jejum do sábado é devoção. Mas sabeis por que acudimos antes à devoção que ao preceito? É porque no preceito faz-se a vontade de Deus, na devoção faz-se a vontade nossa, e nós queremos antes fazer a nossa vontade que a de Deus: No dia do vosso jejum, só cuidais de vossos negócios (Is. 58, 3); Nos vossos jejuns fazeis a vossa vontade – diz Deus – e eu quero que façais a minha. Tudo se pode e deve fazer como fizeram as Marias. Guardaram o sábado, que era o preceito, e fizeram a sua devoção e cerimônia ao domingo, que era devoção: “Passado o sábado, vieram embalsamar Jesus”.
V
Sim, mas quando se há de fazer? No tempo em que é lícito, e logo, como fizeram as Marias: “De madrugada”, sem o guardar para a tarde. Cristo entra em nossas almas, ou nascendo, ou ressuscitando: na primeira graça nascendo, na segunda ressuscitando. Nasceu à meia-noite ao cantar do galo, e ressuscitou antes de sair o p sol. E por quê? Para que entendamos que, para Cristo nascer ou ressuscitar em nossas almas é necessário madrugar, e não o deixar para depois. Quem era aquele pai de família que saiu a alugar os operários que haviam de trabalhar na sua vinha, e quando saiu a alugá-los? O pai de família era Cristo; o quando foi muito de madrugada: O reino dos céus é semelhante a um pai de família que, ao romper da manhã, saiu a contratar operários para a sua vinha (S. Mt. 20, 1). – Parece que o pudera fazer mais tarde sem nenhum perigo, porque a todas as horas daquele dia achou sempre os operários prontos para trabalharem nela. Por que madruga logo, e tão cedo? Para nos ensinar com seu exemplo. A nossa vinha é a nossa alma; e o que é necessário para a cultivar e colher dela o fruto que Deus espera de nós, não o havemos de dilatar nem tardar em lhe aplicar os meios, senão madrugar, como fez o pai de família, não guardando para outras horas, ainda que os meios sejam certo, e não duvidosos, como é a nossa vida: Temo o alto do dia (Sl. 55, 4); Eu – diz Davi – sendo um homem tão pouco medroso, sempre me temi muito do alto dia. E que lhe fazia medo a Davi então, pois confessa esse temor? Fazia-lhe medo ser o alto dia o meio-dia dele, e terem-se passado já tantas horas naquilo que se há de fazer antes de sair o sol: “De madrugada”.
E que faremos nós, os que já vamos tão perto de ele se nos pôr? Fazer como os discípulos de Emaús. À tarde daquele dia mostrou Cristo que se queria apartar deles e seguir seu caminho como peregrino, mas eles não só lhe rogaram que ficasse ali, mas diz o evangelista que por força o obrigaram a isso: Mas eles o constrangeram, dizendo: fica conosco, porque faz-se tarde e o dia declina (S. Lc. 24, 29). – Miseráveis daqueles que o guardam para o fim da vida, para a última hora, e para o último momento do dia: Ao ponto que chegou aquele dia, entrou Noé na arca (Gên. 7, 13). – Para o último momento do dia em que Noé se havia de embarcar na arca, e Deus a havia de fechar por fora, esteve Noé esperando com ela aberta. E que lhe sucedeu? Caso verdadeiramente maravilhoso e digno de grande horror! Dilatou-se tanto, e esteve esperando, para ver se havia algum que se convertesse e quisesse socorrer à arca, mas nenhum houve que chegasse; porque, quem nos anos em que se fabrica a arca se não converte, não se converte no último artigo. E para que nos não descuidemos, advirtamos que neste dia de nossa vida muitas vezes nos parece que nos restam muitas horas, e temos chegado ao último artigo em que se nos está pondo o sol. Suponde que estão três homens condenados à morte, e que mandou o rei que um o lançasse ao mar na altura do Cabo Verde, outro na Linha, outro no Cabo de Boa Esperança, mas qual houvesse de ser o primeiro, o segundo e o terceiro, que o levasse quem havia de fazer a execução em uma carta cerrada, a qual se abrisse naqueles mesmos lugares. Dizei-me: Haveria algum destes homens que em qualquer altura destas não fosse tremendo? Pois, o mesmo passa conosco. Todos estamos condenados à morte: uns para o Cabo Verde, que são os que morrem na flor dos anos; outros para a Linha, que são os que morrem de meia idade; outros para o Cabo de Boa Esperança, que são os que morrem na velhice; mas em toda a parte havemos de ir com grande medo, por não sabermos quando chegará o nosso cabo. Pois, para isso preparemo-nos logo em saindo da barra, que isto é o de manhã cedo.
Assim o devemos fazer, e assim o fizeram as Marias, sem reparar em trabalho, nem perigo, nem em gasto, nem em descrédito, nem, finalmente, em dificuldade alguma. Não repararam em trabalho, porque se levantaram muito de madrugada, saíram de casa, andaram pelas ruas da cidade, e saíram dela até o monte Calvário e vale do sepulcro. Nem repararam em perigos, que eram muitos pela escuridade da noite, pelo horror natural dos lugares desertos e medonhos, e pelo temor dos guardas dos muros, e, principalmente, pelos que guardavam a entrada selada e cerrada no monumento. Nem repararam em gasto, porque despenderam o dinheiro, e muito dinheiro, em comprar os aromas preciosos, pois uma e a principal delas era a Madalena, tão costumada a despender muito em serviço de Cristo. Nem repararam em crédito, sendo Madalena senhora tão ilustre, acompanhando as que eram mulheres e mães de pescadores; e nem ela, nem as demais, em serem vistas naqueles lugares tão suspeitosos, como são à honra e à virtude, os adros e cemitérios àquelas horas. Finalmente, não repararam em dificuldades, porque, dizendo e duvidando entre si: Quem há de nos remover a pedra do sepulcro? Mas olhando, viram removida a pedra, que era muito grande. (S. Mc. 16, 3-4). – Nem por isso pararam ou tornaram atrás, antes, foram por diante, seguindo animosamente seu intento e confiando em Deus.
O mesmo havemos de fazer nós: nem nos engane o mundo com a falsa apreensão do descanso, porque com um pequeno trabalho alcançaremos descanso eterno. Nem nos engane com os seus falsos perigos, pois, quando muito, podem chegar até à morte desta vida, que necessariamente há de acabar. Nem nos engane com o seu falso interesse, porque por uma pequena despesa, alcançaremos os interesses do céu; nem nos engane com a sua falsa honra, porque por um pequeno descrédito com os homens, alcançaremos eterna glória entre os anjos. E, finalmente, não nos acovarde dificuldade alguma, porque quantos maiores, tanto mais nos facilita Deus o vencê-las. Eu antes quero grandes dificuldades que as pequenas, porque as pequenas correm por minha conta, as grandes por conta de Deus. Na ressurreição de Lázaro mandou Cristo aos que estavam presentes que levantassem a campa da sepultura: Tirai a pedra (S. Jo. 11, 39). – E por quê? Não seria muito maior circunstância de um milagre, que tantas teve de assombro, sair Lázaro de dentro estando a sepultura fechada? Sim, seria. Pois, por que manda o Senhor que tirem primeiro a pedra que a cobria? Porque a pedra podiam-na tirar os homens, e ressuscitar Lázaro defunto só Cristo podia. Para nos ensinar que, se fazemos o que está em nossa mão, e o que podemos, Ele fará o demais, que só Ele pode. Bem se viu no caso presente. As Marias reconheceram que de nenhuma maneira podiam abalar nem tirar da porta da sepultura a grande pedra que a fechava: Quem há de nos remover a pedra do sepulcro? Mas olhando, viram removida a pedra, que era muito grande. (S. Mc. 16, 3-4). – E como elas tinham feito o que podiam para ungir o sagrado corpo, tomou o Senhor por sua conta o que só Ele podia fazer. E que foi? Porque um anjo do Senhor desceu do céu, e, aproximando-se, revolveu a pedra do sepulcro e sentou-se sobre ela (S. Mt. 28, 2). – Acharam a sepultura aberta e a pedra tirada, e um anjo que a tirara, assentado sobre ela, que lhes deu as alegres novas da ressurreição.
VI
Dizei-me, e acabemos com o maior exemplo. Não vos parece que Cristo, hoje ressuscitado, fez bem em morrer? Que dificuldades, que trabalhos, que afrontas e descréditos, que amarguras e dores não experimentou em sua paixão? As bofetadas, os açoites, os espinhos da coroa, o peso da cruz, a companhia dos ladrões, as feridas dos cravos, a ânsia, a angústia, o tormento mortal de estar pregado e suspenso, derramando todo o sangue das veias, até lhe faltar a vida e render a alma: tudo isto se lhe representava vivamente na oração do Horto, repugnando a natureza e pedindo remédio ao Pai, tantas e tão repetidas vezes se fosse possível. E se o mesmo Pai condescendesse com a sua petição, e ele deixasse a empresa, e vivo, sem morrer, tornasse para o céu, parece-vos, torno a perguntar, que ficaria bem reputado seu crédito e sua honra entre os homens e anjos? E que teria rosto – digamo-lo assim – para lá aparecer entre eles, e cá entre nós? Mas porque não fez caso de trabalhos, de dores, de ignomínias e afrontas, e da mesma morte tão cheia de tormentos, por isso tão confiadamente aparece hoje a todos ressuscitado, e com tantos aplausos do céu e da terra, entre os mesmos homens e anjos, e muito mais à destra de seu Eterno Pai será por todas as eternidades glorificado.
Isto é o que sobretudo devemos imitar todos neste soberano mistério da ressurreição, lembrando-nos sempre, e pondo como em balança, de uma parte as poucas horas que duram aquelas penas e tormentos, e os infinitos séculos e eternidades sem fim que há de durar sua glória e a nossa, pela qual padeceu Cristo com grande alegria: Mesmo sendo lhe proposto gozo, Ele sofreu a cruz (Hebr. 12, 2). – Oh! Como dirá então cada um de nós, falando consigo, em tanta diferença de estado: Oh! Bem-aventurados trabalhos, que me trouxeram a tão grande descanso! Bem-aventurada despesa, que me trouxe tão grandes interesses! Bem-aventurado descrédito, que me trouxe a tão grande honra! Bem-aventurados perigos, que me trouxeram a tão grande segurança! E bem-aventurada vitória de todas as dificuldades, que me trouxe a um tão grande prêmio, como é o da glória!
Nasceu em 20 de dezembro de 1990. Formado em Filosofia no Seminário Maria Mater Ecclesiae do Brasil, também cursou 3 anos de Teologia e atualmente é estudante de Direito na Faculdade Anhanguera de Teixeira de Freitas.