São João Batista, mestre da firmeza

Diz-nos o Evangelho que em certa ocasião São João Batista enviou seus discípulos até Jesus para lhe perguntar: “És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?” (S. Mateus XI, 3). Este envio não revela uma espécie de ignorância do Batista, pois ele já conhecia e anunciava o Messias desde o ventre de sua mãe; mas servia para que seus discípulos, apegados que eram à sua pessoa, pudessem comprovar por conta própria que Jesus é o Cristo, não ele. Pedagogia humilde e caridosa a daquele que veio “Preparar os caminhos do Senhor” (S. Marcos I, 3).

Após responder aos discípulos do profeta, Cristo afirma entre outras coisas que São João Batista não era uma “cana agitada pelo vento” (S. Mateus XI, 7). De fato, o Precursor não alterava suas convicções nem seus comportamentos conforme as conveniências sociais. Ele não tinha outra preocupação senão a de conformar a sua vida tão somente à verdade, que permanece sempiterna na tranquilidade das coisas imutáveis. São João Batista não era um cata-vento, que cede sua direção aos ventos dominantes; ele era na verdade uma vela inteiramente disposta a receber os sopros do céu. Quanta diferença entre uma coisa e outra!

Também podemos ler no Evangelho que os judeus mandaram sacerdotes e levitas ao deserto para perguntarem a São João Batista se era ele o Messias (S. João I, 19). Curioso, em vez do Batista procurar o palácio para pretender a dignidade, foi o próprio palácio ao deserto procurar o Batista. Na realidade do mundo, os ofícios são pretendidos e os homens são pretendentes; mas o ideal seria que, como o Precursor, os homens fossem os pretendidos e os ofícios os pretendentes. Quão venturosas seriam as pátrias se introduzisse nelas esta nova e admirável política. O palácio marchou para o deserto a procura de São João Batista; verdadeiramente, um profeta com sua força espiritual, é capaz de mover o mundo.

Mas o Batista em nenhum momento reteve para si os louvores que recebia. Pelo contrário, seu dedo estava sempre a apontar para Cristo, direcionando a Nosso Senhor todos quantos dele se aproximava. Afirmava constantemente: “Convém que ele cresça e eu diminua”; era este o lema do filho de Santa Isabel, do homem que liga o Antigo e o Novo Testamento. O orgulho e a vaidade não tiveram nenhum espaço no coração de São João Batista, a sua vida foi totalmente imolada pela causa da Verdade. Depois de viver ao abrigo de toda e qualquer preocupação passageira, este grandiosíssimo santo morreu decapitado por não ceder aos caprichos e imoralidades do seu tempo.

É costume da Igreja estabelecer a memória litúrgica de cada santo no dia de sua morte, pois é quando acontece a passagem para a vida eterna. São João Batista é o único santo na Igreja – além do próprio Jesus Cristo e da Virgem Maria – do qual se celebra tanto o nascimento (24 de junho), como a sua morte (29 de agosto), ocorrida através do martírio. Sua existência, do início ao fim, foi toda ela uma preparação para os mistérios da Redenção.

O Testemunho de São João Batista nos ensina que não basta termos uma fé supérflua, é preciso uma fé que se comprometa com a verdade. Aquele que crê em Cristo precisa conformar a sua vida aos ensinamentos de Cristo; de nada adiantaria professar particularmente que é católico, mas ter medo de demonstrar publicamente, com ações e palavras, as consequências desta mesma fé.

Celebrar o Nascimento de São João Batista é se alegrar com o chegada de um Menino que, nascido de uma idosa em difíceis condições, demonstra que por trás de toda dificuldade habita a esperança. O Batista nos faz compreender que Deus sabe agir para o nosso bem, mesmo quando não conseguimos enxergar sentido nos acontecimentos de nossa vida.

São João Batista, rogai por nós!

Viva São João Batista!!!

Maurino dos Reis Pereira

Nasceu em 20 de dezembro de 1990. Formado em Filosofia no Seminário Maria Mater Ecclesiae do Brasil, também cursou 3 anos de Teologia e atualmente é estudante de Direito na Faculdade Anhanguera de Teixeira de Freitas.

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