Gêneros Literários na Sagrada Escritura

“Deus, tendo falado outrora muitas vezes e de muitos modos a nossos pais pelos profetas, nestes dias, que são os últimos, falou-nos por meio de seu Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, e por quem criou o mundo.” Hebreus I, 1-2

A Bíblia Sagrada nasceu do profundo mistério de uma colaboração sobrenatural divino-humana. Deus é o autor principal, mas aos homens coube o importante papel de percorrer todas as etapas fatigantes entre a preparação e a composição do livro, o que explica a necessidade de se compreender os gêneros literários e todos os demais artifícios do linguajar humano presentes na elaboração do texto sagrado. Santo Tomás de Aquino ensina que “Na Escritura, as coisas divinas nos são apresentadas ao modo usual, humano” (Comment. ad. Hebr. cap. I, lectio 4.). Nesse sentido, a Igreja reconhece que é importante ter em conta o gênero literário de cada escrito bíblico, pois é aí que se revela a perspectiva em que se colocou o compositor sagrado na hora de escrever.

O Papa Pio XII ensinou: “Ora, qual o sentido literal de um escrito, muitas vezes não é tão claro nas palavras dos antigos orientais como nos escritores do nosso tempo. O que eles queriam significar com as palavras não se pode determinar só pelas regras da gramática e da filologia, nem só pelo contexto; o intérprete deve transportar-se com o pensamento àqueles antigos tempos do Oriente, e com o auxílio da história, da arqueologia, etnologia e outras ciências, examinar e distinguir claramente quais gêneros literários quiseram empregar e empregaram de fato os escritores daquelas épocas remotas. De fato, os antigos orientais para exprimirem os seus conceitos nem sempre usaram das formas ou gêneros de dizer de que nós hoje usamos; mas sim daqueles que estavam em uso entre os seus contemporâneos e conterrâneos.” (Divino Afflante Spiritu, 20).

Embora haja bastante discussão a respeito do próprio conceito de gênero literário, em termos gerais pode-se defini-lo como o conjunto artístico padronizado de normas de vocabulário, de estilo e disposição de ideias que se usam habitualmente para abordar e desenvolver algum assunto. Assim, por exemplo, textos legislativos tem seu gênero literário próprio (claro e conciso, para que ninguém se possa desculpar por não haver entendido); enquanto uma poesia tem seu gênero literário diferente do das leis (usa de metáforas, hipérboles etc); uma crônica tem seu gênero próprio, que é diferente do de uma carta; uma carta comercial é diferente de uma carta de família, uma fábula é diferente de uma peça histórica, e assim por diante. A título de ilustração e guardadas as devidas proporções, pode-se considerar o exemplo da narrativa de um determinado crime: o laudo pericial dos investigadores apresentará um relatório explicando o fato; já no telejornalismo policial sensacionalista o mesmo fato será apresentado de modo bem diferente (menos técnico e mais apelativo); e por fim, mais diferente ainda será o mesmo caso quando explicado e comentado pelas fofocas das comadres do bairro. Ou seja, o acontecimento foi único, mas a maneira de relatá-lo variou-se em três diversos modos (“gêneros ou tipos”). Em suma, o gênero literário é a relação entre a realidade a exprimir e o modo de exprimir.

A teoria dos gêneros acompanha o fazer literário desde a Grécia Antiga, muito embora tenha algumas vezes caído em descrédito, a ponto de ser considerada uma camisa de força contra a qual os escritores deveriam rebelar-se. Mas o fato é que os gêneros literários refletem a alma de um povo, e assim eles nascem, difundem-se, desfazem-se e desaparecem.

Tradicionalmente no Ocidente, eram considerados os principais gêneros literários o lírico, o épico e o dramático. Posteriormente, as manifestações épicas foram incorporadas ao gênero narrativo, fazendo então com que a divisão ficasse do seguinte modo: lírico, narrativo e dramático. No entanto, a própria divisão dos gêneros literários (bem como dos subgêneros e tipos) está envolta em muitas polêmicas, e por isso aqui neste trabalho serão apresentados apenas os aspectos que servirão nos estudos da Sagrada Escritura, pois outras discussões desviaria estas páginas para muito longe.

Na Bíblia, o leitor está diante de gêneros literários dos antigos povos do Oriente, em que cada um exprime de modo diverso a verdade que a Escritura deseja revelar; existe por exemplo a verdade expressa através de uma fábula (Juízes IX, 8-15); através de um canto épico (Salmo CIII, sobre a criação); ou em histórias de estilo popular (como a de Sansão em Juízes, XIII 1-16, XXXI); em parábolas (S. Mateus XIII, 1-51; S. Lucas XV, 1-32); também em alegoria (S. João XV, 1-6), lei (Êxodo XX, 1-17), canto poético (Isaías V, 1-7), e até em diálogos (de Elifaz, Baldad e Sofar, no livro de Jó).

O critério para se determinar o gênero literário é a forma externa comumente usada para cada gênero; quem emprega determinada forma quer evidentemente exprimir a verdade de modo correspondente ao estilo escolhido. No contexto bíblico, nunca é demais lembrar que a palavra divina revelada passou pelas malhas da inteligência humana, modelando-a em formas literárias características de uma determinada época e de um determinado ambiente que deixou, por isso, profundíssimos traços nesse livro teantrópico (de autoria conjunta entre Deus e o homem).

É preciso frisar ainda que todo gênero textual possui seus subgêneros, o que significa que existem variadas espécies de textos dentro de um mesmo gênero. A própria Bíblia comporta uma ampla variedade de estilos literários, não obstante isso, com o objetivo de expor um pouco mais didaticamente o assunto, os diversos gêneros textuais presentes na Escritura serão neste trabalho resumidos nos seguintes: I- Narrativo (histórico e didático); II- Legislativo; III- Sapiencial; IV- Poético; V- Profético; VI- Epistolar; VII- Apocalíptico.

Gênero Narrativo

O gênero narrativo é certamente o mais presente na escrita bíblica, tanto no Novo quanto no Antigo Testamento. Apresenta-se como uma narrativa histórica ou didática em que o narrador pode tanto ser um personagem da ação quanto um observador externo. São textos em que são apresentados personagens, cenários e contextos próprios. Enquanto a narrativa histórica preocupa-se em expor acontecimentos, a narrativa didática preocupa-se mais em transmitir uma “lição de moral” propriamente dita do que em apresentar exatidões de eventos históricos. Em muitas ocasiões a narrativa histórica e didática estão presentes num mesmo trecho.

Exemplo de um texto narrativo: “José foi, pois, conduzido ao Egito, e Putifar Egípcio, eunuco de Faraó e general do exército, comprou-o aos Ismaelitas, que o tinham levado. O Senhor era com ele, e tudo o que fazia lhe sucedia prosperamente: habitava em casa do seu senhor, o qual conhecia muito bem que o Senhor era com ele, o qual (Deus) fazia prosperar em suas mãos tudo o que José fazia.” Gênesis XXXIX, 1-3. Aqui o autor narra o desenvolvimento de ações no tempo e no espaço, por meio de movimentação de personagens. Esse conjunto é transmitido ao leitor por um narrador.

Os textos dos evangelhos são narrativas da missão de Jesus; os evangelistas contaram os milagres, os diálogos, os ensinamentos e os principais acontecimentos da vida de Cristo. O objetivo era claramente testemunhar aquilo que eles mesmos viram e experimentaram, e ao mesmo tempo deixar esse divino legado do conhecimento de toda a obra do Salvador. Segue-se uma pequena narrativa evangélica: “Tendo pois nascido Jesus em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes, eis que une magos vieram do Oriente a Jerusalém, dizendo: Onde está o rei dos judeus, que acaba de nascer? Porque nós vimos a sua estrela no oriente, e viemos adorá-lo.” S. Mateus II, 1-2.

O texto bíblico narrativo também é manifestado através de genealogias, alegorias, fábulas, crônicas e parábolas.

Gênero Legislativo

O gênero legislativo, como indica o próprio termo, tem como característica principal a exposição de leis a serem observadas. Pode-se encontrar tal gênero principalmente nos cinco primeiros livros da Bíblia (Pentateuco), não é sem razão que estas obras passaram a ser conhecidas como Torá (isto é, Lei), manifestada em seu auge de modo bastante solene na apresentação dos Mandamentos (Êxodo XX). No Pentateuco, as leis aparecem em abundância principalmente no Deuteronômio, de tal maneira que o próprio título do livro significa literalmente “segunda lei”. Quanto aos tipos, há leis civis, morais, litúrgicas e até leis higiênicas.

As leis expressam a vontade soberana de Deus. Nos Mandamentos, elas são expressões da natureza íntima do próprio ser humano, ou seja, são as chamadas leis naturais. Noutras manifestações, as leis regulam os deveres sacerdotais, as responsabilidades sociais e permitem que o leitor atento conheça as maneiras e os costumes hebraicos da época.

Exemplo de texto legislativo: “Quando colheres a messe no teu campo e deixares por esquecimento alguma gavela, não voltarás para a levar, mas deixá-las-ás tomar ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, a fim de que o Senhor teu Deus te abençoe em todas as obras das tuas mãos. Se tiveres colhido o fruto das oliveiras, não voltarás a colher algum resto que tenha ficado nas árvores, mas deixá-lo-ás ao estrangeiro, ao órfão e à viúva. Se tiveres vindimado a tua vinha, não irás colher os cachos que ficaram; serão para o estrangeiro, para o órfão e para a viúva. Lembra-te que foste também escravo no Egito; por isso te mando que faças assim.”  Deuteronômio XXIV, 19-22.

Gênero Sapiencial

O gênero sapiencial revela a sabedoria de modo simples, através de conhecimentos que se baseiam nas ações e realidades cotidianas (Provérbios), bem como em pensamentos sobrenaturais extraídos de uma meditação sobre a transitoriedade da vida e a incapacidade deste mundo para proporcionar a verdadeira e duradoura alegria (Eclesiastes, Eclesiástico, Sabedoria). Nesse sentido, a literatura sapiencial bíblica não descreve apenas a cultura e a sabedoria do povo de Israel, mas também a sua profunda espiritualidade.

Em toda a história do povo israelita é possível perceber que homens sábios ordenavam raciocínios e sentenças populares, a princípio, para organizarem suas famílias e clãs, mas posteriormente (com o surgimento da monarquia) a sabedoria popular passou a ser assumida também pela corte. Inclusive, uma boa parte dos textos sapienciais é atribuída a Salomão, rei que ficou conhecido como o patrono da sabedoria de Israel.

Exemplo de texto sapiencial: “O filho sábio é a alegria de seu pai, o filho insensato é a tristeza de sua mãe. Os tesouros mal adquiridos de nada servirão; pelo contrário, a justiça livra da morte.” Provérbios X, 1-2.

Gênero Poético

O gênero poético é encontrado em diversas passagens da Escritura, obviamente não como a poesia ocidental com sua métrica e rima, mas em seu modelo de poesia hebraica antiga, com seus paralelismos e outras particularidades. Exemplos de poesia podem ser encontrados em toda a Bíblia, inclusive nos profetas, como se pode ver: “Tu me seduziste, Senhor, e eu fui seduzido; foste mais forte do que eu e pudeste mais.” Jeremias XX, 7. No livro dos Salmos os textos poéticos são abundantes e de um grandioso valor espiritual, como o seguinte poema que se encontra no capítulo 136: “Louvai ao Senhor, porque é bom, porque a sua misericórdia é eterna. Louvai ao Deus dos deuses, porque a sua misericórdia é eterna. Louvai ao Senhor dos senhores, porque a sua misericórdia é eterna…” Aqui se encontra apenas os primeiros 3 versículos dos vinte e seis que compõem essa belíssima poesia, sendo que em cada versículo é repetida a mesma fórmula “porque a sua misericórdia é eterna”.

A efetividade da poesia hebraica em parte se explica pelo forte apelo aos sentimentos mais íntimos do ser humano ligados a sensações físicas e compreensíveis. Expressões como “A minha garganta secou-se como barro cozido” (Salmos XXII, 16), “O meu coração palpita, a minha força abandona-me, a própria luz dos meus olhos me falta” (Salmos XXXVIII, 11) e “Ó Senhor, quebra as queixadas desses leões” (Salmos LVIII, 7) revelam uma alma absorvida por uma espiritualidade elevada e ao mesmo tempo conectada com as realidades mais concretas do cotidiano.

Os cânticos também são comuns nos textos poéticos. Temos no livro dos Salmos, bem como no Cântico dos Cânticos, exemplos de cantos, hinos e súplicas a Deus, realizadas conforme a poesia e musicalidade daquele povo antigo. Exemplos de cânticos: “Quem é esta, que vai caminhando como a aurora quando se levanta, formosa como a lua, brilhante como o sol. Terrível como um exército formado em batalha?” Cântico dos Cânticos VI, 9; no próprio evangelho há passagens poéticas e cantos, como o seguinte: “Então Maria disse: A minha alma glorifica o Senhor; e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador, porque lançou os olhos para a baixeza da sua serva. Portanto, eis que, de hoje em diante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada. Porque o Todo-poderoso fez em mim grandes coisas, o seu nome é santo. E a sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o temem. Manifestou o poder do seu braço, dispersou os homens de coração soberbo. Depôs do trono os poderosos, e elevou os humildes. Encheu de bens os famintos, e despediu vazios os ricos. Tomou cuidado de Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia; Conforme tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua posteridade para sempre.” S. Lucas I, 46-55.

Gênero Profético

O gênero profético é aquele onde se encontram os textos que narram as atividades dos profetas. Estes não podem ser confundidos com adivinhos, pois que a missão deles não era prever futuros, mas manifestar ao povo a vontade de Deus mediante sermões, sinais, exortações e oráculos. São proféticos os livros de Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel, entre outros. O profeta é o porta-voz de Deus e da sua vontade, daí começarem quase sempre suas profecias com “Assim fala o Senhor” ou “Oráculos do Senhor”.

Para entender a literatura dos profetas é muito importante conhecer o contexto em que eles estavam inseridos, afinal de contas as profecias vinham de homens com pés no chão, e não de sonhadores e visionários que tratavam sobre coisas aleatórias e sem significado para seus primeiros destinatários. Vale ressaltar que as profecias quase sempre eram realizadas oralmente, ganhando versão escrita algum tempo depois.

Exemplo de texto profético: “Porquanto um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado, e foi posto o principado sobre o seu ombro; chama-se Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai eterno, Príncipe da paz. O seu império se estenderá cada vez mais, e a paz não terá fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino. Estabelecê-lo-á e mantê-lo-á pelo direito e pela justiça, desde agora e para sempre. Fará isto o zelo do Senhor dos exércitos.” Isaías IX, 6-7.

Gênero Epistolar

O gênero epistolar é apresentado como uma exposição doutrinária e exortativa. Dadas as circunstâncias de comunicação no período em que a Bíblia foi escrita, fica fácil compreender o motivo das cartas serem tão comuns naquela época. Dos 27 livros do Novo Testamento, 21 são epístolas; S. Paulo escreveu a maioria delas, mas também existem as sete epístolas católicas escritas por S. Tiago, S. Pedro, S. João e S. Judas.

As epístolas são destinadas ou a um grupo de cristãos que se reuniam em um determinado lugar (como a Carta aos Coríntios) ou a uma pessoa em particular (como no caso da Carta a Tito). A estrutura das epístolas quase sempre segue a mesma ordem: saudação, ação de graças, prece pelos destinatários, descrição da situação, exortação e encorajamento para que os ensinamentos dos remetentes sejam obedecidos e, por fim, uma conclusão esperançosa e devota.

Exemplo de texto epistolar: “Simão Pedro, servo e Apóstolo de Jesus Cristo, aos que receberam uma fé tão preciosa como a vossa, pela justiça de nosso Deus e Salvador Jesus Cristo. Graça e paz vos sejam dadas em abundância, pelo conhecimento de Deus e de Jesus, Nosso Senhor.” II S. Pedro I, 1-2.

Gênero Apocalíptico

O gênero apocalíptico possui grandes semelhanças com o profético, envolvendo em grande quantidade a presença de símbolos, figuras, números e imagens, mas se diferencia ao ter um foco maior no desfecho final da história. Aparece sempre em momentos de crise, em que naturalmente surge a necessidade de dar resposta a determinada situação de extrema turbulência social e espiritual. O livro de Daniel, no Antigo Testamento, e o livro do Apocalipse, no Novo Testamento, são os dois principais textos apocalípticos da Sagrada Escritura.

O conteúdo do gênero apocalíptico inclui promessas de julgamento e intervenção divina num mundo que jaz no pecado. São chamados textos escatológicos, já que deixam vislumbrar aspectos do que seria o fim dos tempos, mas não se resume a isso. Na verdade a literatura apocalíptica, através de símbolos polivalentes e ricas conotações, faz um passeio pela História; é passado, presente e futuro. Revela a grande batalha entre o Bem e o mal, travada desde os primórdios dos tempos, e aponta para o certeiro triunfo da descendência da Mulher sobre a descendência da Serpente.

Exemplo de texto apocalíptico: “Depois vi um novo céu e uma nova terra, porque o primeiro céu e a primeira terra desapareceram, e o mar já não existia. E vi a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, de junto de Deus, adornada como uma esposa ataviada para o seu esposo.” Apocalipse XXI, 1-2.

Além destes sete gêneros textuais bíblicos que foram tratados no presente trabalho, alguns estudiosos apontam outros, como a saga, drama, epopeia etc. No entanto, tudo vai depender da classificação, pois todos estes podem ser sub-classificados dentro dos próprios gêneros que aqui foram apresentados. Outros ainda fazem a divisão conforme os testamentos. Nesse sentido, são colocados como gêneros do Novo Testamento as epístolas, as parábolas e os próprios evangelhos. Enfim, a polêmica da classificação dos gêneros, como dito acima, aqui não é prioridade, já que o intuito é tão somente evidenciar o fato de que cada texto bíblico deve ser lido e entendido dentro de um conjunto de normas do próprio estilo literário que foi utilizado para a sua escrita.

Cumpre alertar ainda que, muito embora algumas edições da Bíblia apresentem cada livro bíblico com um gênero próprio, tal classificação será sempre imprecisa, pois apesar de cada livro possuir um estilo literário predominante, em vários casos dentro de um único livro há dois ou mais gêneros e tipo literários. Em Gênesis, por exemplo, há narrativas, fábulas, poesias e outros tipos bem particulares. Além disso, há gêneros que se fundem, e por isso pode haver uma poesia profética, um canto narrativo etc.

Por último, um reforço: quem deseja aproveitar melhor a leitura bíblica não pode ignorar que em seu conteúdo bem como em seu método expositivo, a Bíblia deve ser considerada em seus elementos religiosos, históricos e também literários. Portanto, é importante saber qual o gênero do texto que se está lendo, pois a partir disso muitas luzes serão oferecidas e muitas confusões evitadas. Assim como o contato verdadeiro e real com Cristo se dá apenas na realidade de sua carne e de seu sangue, assim também a assimilação da palavra bíblica só é possível por intermédio da palavra humana, que neste caso não é mero invólucro, mas um todo orgânico com a palavra divina.

Bibliografia consultada:

  1. Bíblia Sagrada, traduzida da Vulgata e anotada pelo Pe. Matos Soares, 6a. edição, TIP. Sociedade de Papelaria, LDA. Todas es citações da Sagrada Escritura contidas no texto foram feitas com base nesta edição.
  2. Carta Encíclica “Divino Afflante Spiritu”, do Papa Pio XII (30 de setembro de 1943).
  3. E. Galbiati – A. Piazza, Páginas difíceis da Bíblia, São Paulo, Editora Paulinas, 1959.
  4. Dom Estêvão Bettencourt OSB; Maria de Lourdes Corrêa Lima, Curso Bíblico Mater Ecclesiae, Rio de Janeiro, Letra Capital Editora, 2011.
  5. Antônio Soares Amora, Teoria da Literatura, São Paulo, Editora Clássico-Científica, 1961.
  6. Ulisses Infante, Textos: Leituras e Escritas, São Paulo, Editora Scipione, 2008.

Maurino dos Reis Pereira

Nasceu em 20 de dezembro de 1990. Formado em Filosofia no Seminário Maria Mater Ecclesiae do Brasil, também cursou 3 anos de Teologia e atualmente é estudante de Direito na Faculdade Anhanguera de Teixeira de Freitas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

×
Salve Maria! Sejam bem vindos!
×