Semana Santa, a Semana das Semanas

“Porque Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu seu Filho Unigênito, para que todo o que crê nele não pereça, mas tenha a vida eterna.” – S. João III, 16

Vai começar a Semana Santa, tempo em que a Igreja celebra os santos mistérios de nossa redenção. É a preparação última para a celebração da Páscoa; de fato, antes de se rejubilarem com os hinos da Ressurreição, as almas dos cristãos contemplam o sofrimento e a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Correspondendo à sua altíssima significação, distingue-se esta semana por comoventes cerimônias e atos litúrgicos.

Para quem não é católico, a vida vai seguindo normalmente seu rumo, com a velha aparência de normalidade e as inquietantes preocupações costumeiras. Na atmosfera católica, no entanto, paira no ar um perfume de mistério e sublimidade. Tudo é diferente!

Nosso Senhor confiou à sua Igreja uma generosíssima soma de recursos espirituais para fazer reavivar em cada alma vivos desejos de santidade e reabilitar o nosso compromisso diante d’Ele. O Ano Litúrgico é um desses preciosos recursos; é um guia experimentado no caminho do céu. A Igreja conhece a alma humana com seus desânimos; ela também conhece o caminho e os perigos do caminho, por isso sabe impedir os extravios. Logicamente, ela não nos conduz pela estrada larga e fácil, mas pelo caminho estreito, íngreme e pedregoso. Só aqui se pode encontrar a verdadeira paz. A Igreja é uma mãe paciente, ela sabe que a maior dificuldade não é fazer com que seus filhos se decidam por Cristo, mas sim fazê-los perseverar e não esquecer dessa santa resolução. Por isso, cada tempo litúrgico reforça o convite à conversão e a volta à graça. É um verdadeiro ciclo de convites insistentes e amorosos. É uma santa teima, é como se nos dissesse: “Se ontem você não conseguiu, talvez hoje consiga”. Na Semana Santa estaremos no núcleo de todo o Ano Litúrgico, ou seja, no seu centro mais profundo e poderoso, onde a divina teimosia do céu aproveita a eloquência da Cruz para nos fazer retornar ao bom caminho.

O pecado suscita no espírito humano a sensação de voo livre, mas no chão onde ele sempre cai estão a lhe esperar a escuridão, a angústia e o desespero. Por isso, na Semana Santa a Igreja encoraja todos os seus fieis a que tenham confiança total e absoluta no Cristo, pois somente Ele pode nos conceder a verdadeira liberdade e a verdadeira felicidade que tanto almejamos. Noutros caminhos, apenas frustração e morte.

A Semana Santa começa no Domingo de Ramos, que celebra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, e termina no Domingo de Páscoa, o dia mais luminoso do ano. Durante esse intervalo, somos mergulhados nos mistérios mais insondáveis da Paixão; cada ação, cada palavra, cada rito servem para excitar em nossa alma uma piedade que nos conduza ao arrependimento e à conversão dos nossos pecados. E quando se chega ao limiar do mais alto grau de sofrimento, os sinos se calam, os altares são despojados das toalhas e nossos corações seguem ainda mais atentos e contritos aos graves acontecimentos.

Preparemo-nos para que a semana seja verdadeiramente santa. É preciso evitar as distrações supérfluas para que fiquemos muito perto do Senhor que padece por nós. A liturgia não é uma mera recordação do passado, mas a atualização dos acontecimentos da vida de Cristo. O tempo é superado e somos transladados em espírito para quando e onde tudo ocorreu. Estaremos lá. Trata-se da nossa salvação.

Quando tudo estiver na máxima escuridão e o mal iludir-se com seu sucesso passageiro, um retumbante grito de triunfo ressoará por toda a terra. Aquilo que esperávamos com desejo ardente durante toda a Quaresma estará finalmente realizado: a luz venceu as trevas! Doravante, o divino sol brilha refulgente. A ressurreição de Cristo é a prova mais incontestável de sua divindade. A alma cristã, consciente da grandeza desse dia, vibra de alegria; e a liturgia, com seus aleluias sem fim dá-nos um antegozo da eternidade. Cristo vence, Cristo reina, Cristo impera! Ele está vivo!!!

Maurino dos Reis Pereira

Nasceu em 20 de dezembro de 1990. Formado em Filosofia no Seminário Maria Mater Ecclesiae do Brasil, também cursou 3 anos de Teologia e atualmente é estudante de Direito na Faculdade Anhanguera de Teixeira de Freitas.

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